domingo, 31 de agosto de 2008

Fátima, terra de fé

O altar do santuário, fantástica obra arquitectónica!


Cristo na cruz, junto ao novo santuário
A velha azinheira (chamei-lhe oliveira, enganei-me...) onde Nossa Senhora apareceu aos três pastorinhos
Ir a Fátima continua a ser o destino de fé, não interessa o mês ou o dia, é a imagem da peregrinação constante, dos pagadores de promessas, das crenças que envolvem a vida do povo.
Portugueses e estrangeiros de todo o lado aqui prestam a sua homenagem e agradecem à Virgem
o simples facto de estarem vivos, bem como as graças que vão acolhendo no dia a dia, quantas vezes tão inacreditáveis...
Pelo mundo fora, porque posso testemunhar ao vivo as tantas conversas com povos diferentes quer nas ideologias gerais e até religiosamente, é sempre com enorme comoção que se fala de Fátima, terra de fé!


quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Dezanove anos


Todos tripeiros... as minhas sobrinhas e namorados...
ah, menos um! é da margem sul...
mas ainda falta outro, ah pois é!
e também é da margem sul...
Dezanove anos, ah amores meus, já ninguém faz 19 anos...
Isto de serem gémeas tem que acabar...
Parabéns Mafalda, e prepara-te para o 2º ano, está quase a começar...
Parabéns Margarida, e fico à espera de boas notícias nestes primeiros dias de setembro,
vais entrar... tens a faculdade à tua espera, o teu curso tem a tua vaga...
e espero notícias da carta, depois pegas no carro da mãe e vens ter comigo,
o teu petisco preferido já está pronto, à tua espera!!!
(Não, meu amor, faço na altura, vamos festejar!)

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Almoço?



Proponho a bela sardinha assada tão própria destes dias de verão, em todo o país, especialmente nas nossas praias onde ainda é possível vê-las a serem assadas na rua... (ai a asae...) com uma boa salada e a batata cozida com pele, hummmmmmmmmmm
e uma boa caldeirada à nazarena, tudo como deve ser!
a cebola, o tomate, os alhos, batatas, postas de peixe fresco, uma folhinha de louro, a salsa, sal, um pouco de pimenta se fôr do gosto de cada um, um bom golo de vinho branco e a hortelã,
depois é esperar com tempo, para ser feita em lume brando...
Venham, é só escolher!

sábado, 23 de agosto de 2008

Praia





E isto é a "paia" de tantas crianças que brincam na areia, os baldes, as pás, as forminhas, salpicam-se e refrescam-se tentando as ondas do mar, jogam à bola (enquanto o cabo do mar não aparece...), comem bolos, gelados, ou lanches mais caseiros.

E viva o verão, que as escolas já estão a abrir as portas...

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

VOZES

Valter e Tânia, duas vozes dignas de muito apreço que integram o grupo "Amigos para sempre".
Foi o que consegui recuperar depois da minha burrice na pressa de passar os vídeos para enviar a um dos artistas... apaguei... (Nené, desculpa........................ mas tu vens cá ver!!!)
enfim!, no entanto gostarei de partilhar convosco o som destas vozes da nossa praia, e há mais!
Espero que gostem e vos encante a ideia de virem até cá, assistir às nossas noites nazarenas e conhecer esta rapaziada que não deixa crédito em mãos alheias!

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Mergulhos e cursos


Meu anjo, olha que 18,5 já não se usa...
Tu és assim, depois da Naturalogia, tentarias Educação, claro, filha, seria assim!
e foi, agora aproveita uns mergulhitos na piscina da Joana e no mar, sempre!
Olha, aqui o nosso mar "tá de cêda", anda pela estrada, nem quer saber de sinais de trânsito, é tudo dele!
O Nené pergunta por ti, como sempre e manda-te aquele beijão grande e um recado, mas isso digo-te mais logo...
Tá a cantar cada vez melhor!
Olha, amor, o teu mano Mauro faz hoje anos, lá está pelas ilhas a empurrar bolas em patins e à stickada!
Chegou de Buenos Aires e já morre de saudades...
Parabéns, princesa grande, a Escola Superior de Educação e Ciência já te espera...
e vais voltar a ser caloira!
Desta leva, já só nos falta saber das candidaturas da Margarida e da Patrícia, mas entrarão com certeza!
beijões grandessssssssssssssssssssssssssssssss

sábado, 16 de agosto de 2008

VOZES NAZARENAS

O grupo Amigos para Sempre está a comemorar o seu 10º aniversário, constituído por artistas nazarenos, grandes vozes que não deixam ninguém ficar mal visto...

Muitos deles foram crescendo muito perto de mim, pelo que sinto uma certa emoção quando oiço estas gargantas...

Cantam-se temas de tops internacionais, rocks, fado, o que estas vozes conseguem alcançar!

Esta noite o palco estava rico em actuações, embora faltassem alguns elementos, por outros compromissos, mas completo no seu todo.

Acendo-vos a curiosidade e afinem a audição...

Enfim, são filhos deste mar, criados nestas areias

Parabéns a todos, meus amigos!



sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Carnaval de verão




O nosso "tio" proprietário de um dos bares com mais história nas noites nazarenas, quer de verão, quer de inverno, em alturas de carnaval e fim de ano, sempre valente e atento, um amigo!


Desde há cerca de 12 anos que a Nazaré comemora o Carnaval de Verão, era tal como se fosse fevereiro...

3 dias de loucura, músicas infernais, bandas, pessoal ensaiado, mais cerveja ainda, pois é verão...

os bares a funcionarem quase em sessões contínuas, ninguém ia à cama nesses dias, dormia-se pela areia, quando possível, e curavam-se as bezanas e as grandes ressacas próprias da ocasião.

Foi-se perdendo essa tradição e agora apenas se festeja com uma banda local num palco na areia, todos dançam e cantam ora as marchas nazarenas que só nós mesmo sabemos as letras quase intraduzíveis! e as marchas brasileiras sempre tão a jeito de carnaval.

Os bares fazem as suas festas com o pessoal ensaiado (mascarado) e a animação dura sempre mais umas horitas que nas outras noites...


As noites nazarenas são sempre de grande qualidade e variedade e recheadas de boa música e vozes, produtos da terra, pessoal nazareno de todo o coração!
Não está a ser possível juntar um vídeo da noite musical na areia...
Fica na ideia de todos o que consegue ser o nosso povo e o acolhimento que se dispensa a todos os que nos visitam!

Taveira e a sua banda

a noite de carnaval de verão na areia

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Não vás ao mar, Tónho

Não vás ao mar, Tónho Não vás ao mar Está o mar ruim, Tónho Está o mar ruim Se vás ao mar, Tónho Se vás ao mar Fico sem ti, Tónho

Ai Tónho, Tónho Tão mal estimado és Ai Tónho, Tónho Nem umas meias tens p'rós pés

Adeus Maria Que eu vou p'ró mar Buscar sardinha P'ra seres raínha Ela é fresquinha É como a prata Não tenhas medo Que o mar não mata

Tem dó de mim, Tónho Tem dó de mim Não sejas mau, Tónho Não sejas mau Não irás mais, Tónho Não irás mais P'ró catatau, Tónho

Olha p'ró mar, Tónho Olha p'ró mar P'ronde é que vais, Tónho P'ronde é que vais Tás'ma matar, Tónho Tás'ma matar Não posso mais, Tónho

Ai Tónho, Tónho Tão mal estimado és Ai Tónho, Tónho Nem umas meias tens p'rós pés

Início da actuação do Rancho Folclórico Tá-Mar , da Nazaré, na noite de hoje, mais um espectáculo para alegrar as noites de verão da Nazaré

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Boa viagem, minha querida!

Nós de marinheiro, a arte do nosso companheiro artesão, amigo de grandes conversas...


os paneiros para a secagem do peixe, os estendais, ao sul da nazaré
carapaus, enjoados, só com secagem de um só dia, hummmmmmmmmmmm
raia, badejo, polvo, carapaus...
tudo muito bom!

"mamã tás na naza?, vou dar-te um beijinho"...
e vieste em jeito de adeus...
fizemos o paredão todo até ao norte, conversámos as tuas confidências e os teus projectos mais próximos...
ofereceste-me o dossier do teu curso com as fotos e textos das nossas gentes...
a história da nazaré, das peixeiras e dos pexins...
o resto das histórias, sabêmo-las nós, e bem.....................
as que não se escrevem....

levas a tua parte das nossas noites, das tardes no "vasquinho" do xilá, os caracóis e bejecas a rolarem...

eu fico com a presença dos sítios...
e aqui com um nòzinho que não me deixou nem ir arejar, ou ir à feira do livro
fico com o cheiro dos frangos do rui e a garrafa de moscatel...
e daquele frango que mais parecia que tinha "trícia", de amarelo que estava, lá no ermal........

Minha querida, olha que os breakfasts não incluem espumante fresquinho...
terás ovos, bacon, suminho de laranja, chá preto com leite, umas toasts with butter and orange marmelade...
e já sabes, já te disse!
quando sentires aí uma coisinha, chama-me que eu ponho a mesa a contar contigo!

Vai, minha filha, até terras de Sua Majestade,
tens cá sempre o teu catinho, e depois, quem sabe?
o luís já terá aberto outra taberna, xilá!

sábado, 9 de agosto de 2008

RELANCE


Há tanto, mesmo tanto, tanto e tanto povo, tanto...

tanta, oh se tanta, tanta e tanta casa, tanta...

tantos, mas mesmo tantos, tantos e tantos carros, tantos...

Há já tanto do tanto, mas se mesmo tanto!

e cada vez há menos ar, menos árvores, menos água...


Armando Macatrão, poeta nazareno, é professor de inglês

terça-feira, 5 de agosto de 2008

À sombra do Promontório (III)

Venham folhear o livro, ler o resto da história e saber como foram (e são) as vidas das gentes da Nazaré
A praia nos dias de hoje

A praia no antigamente (foto de arquivo)
Chegando a casa a Joaquina disse aos filhos:
- Quere que vocêses saibem, que aqui adonde me tão a ver, já sei, quem foi o meninede pé calçadeque quemeu os óve com vocêses! A mãe dele deu-me o denhêre deles, mas ele, tem que le pagar do migalhêre dele, acté smanha tôde, cvande sóbér que fica de castigue e na vai brincar oite dias, e séla for fazer quêxa é Sr. Elpide, vocêses todes vão prêses, o filhe dela e tude! Pávia de vocêses rombarem-me os óves, é co filhe dela rombou o açúcre.E agora?!!! Vai tude prêse!... na quere saber.
E, era assim, que se iam passando os dias.
O Ti Manel, sempre que não ia ao mar, ia sachando o milho e o feijão, que já estavam bem bonitos e se viesse uma chuvinha, teria ali feijão e milho para todos comerem. A mulher quando ia ao rio dos moinhos, levava uma saquinha de milho que trocava por farinha; Ia cozendo umas broas e, lá iam governando a vida, sem se alargarem muito, pois não dava para brincadeiras, cinco bocas a comer sem ninguém ir ao mar.
Era assim a vida de toda a gente na Nazaré, que vivia da lida do mar, e quando o mar estava ruim, ou, mesmo manso, não pescavam nada. Se não tivessem qualquer coisa, que ajudasse a sobreviver, era muito complicado. Havia mulheres, que iam recolher lavaduras nas casas, onde deixavam um balde com tampa e, as pessoas em vez de deitarem os restos da comida para o lixo, despejavam nesse balde, que as donas do respectivo, todos os dias recolhiam e, levavam em latões à cabeça para fora da localidaded onde tinham a corte com os seus porquinhos, que iam criando, e vendendo. De vez em quando, quando havia um pouco mais de fartura, lá matavam um porquito, para terem na salgadeira, tempero para panela e, uns ossinhos para rapar, em cima das couves; e, assim iam vivendo.
O Ti Manel lá ia tratando das suas ervilhas e das suas favas, das quais tiravam algumas para comer, pois as outras, a Ti Joaquina tratava de as ir oferecer às senhoras que já eram freguesas habituais, e também das suas batatinhas novas.
-Ah! Migas, iste quem na se sóber governar e na tiver o sê celeire e uns testões na alzebeira, tá desgraçade, cande a costa tá negada... Nunca ninguém se viu vingade de quem é popáde!
E os miúdos lá foram crescendo, iam à escola, e, até eram bons alunos, pois a mãe, embora não sabendo ler, queria que os seus filhinhos não fossem como ela, que, se não fosse a esperteza que tinha, era uma infeliz por não saber ler. Qualquer papel que lhe parecia, não podia rasgar sem dar a sua vida a saber. Isso é que lhe doía; por isso, os seus meninos ou a bem ou a mal, a quarta classe, tinham que fazer!...
- O mê João já anda na quarta, o mê Zé, na tercêra e o mê Tónhe, na sigunda. Inté agora, ainda na ficarem pa trás, vames lá ver daqui pá frente. Eu digue-lhes tude cante é mau, mas graças a Deus nunca precisarem de porrada, candem andem diretinhes que nem um fuse! Eu ameáci-os co senhor Elpide e ca cadeia da Admestração do Concelhe, e eles tem mêde que se pelem, assim é que é!... Respeitinhe é munte benite. O mê homem nunca diz nada, acha que os filhes dele, são os melhores do munde.
- Ah! Jôquina, se tu visses o cos otres piquenes, da indade deles, fazem à gentes lá em baixe, cande a gentes trazemes algum pexinhe pá terra?!!! Rombem logue da rede e fogem, assobem pos candieres arriba, e com ganchetas rombem pêxe às cabazeras, são malcriades e dizem tude chei de asnêras. São diabes, aqueles piquenes da borda d'áuga.
- Olha é per essas e per ôtras, é cós nosses na vão lá pra báxe, tão aqui munte bem! Quere dar um grite per eles, e eles óvirem-me logue, queu na goste de dezer as coisas muntas vezes. E agora diz-me lá tu Manel, se achas ôtres iguais aos teus? É munte bom eles terem respeite; quem na se dá ó respeite, na é respeitade.
- Tens rezão melher! Ninguém te tira a tu rezão, tu é que sabes! Tu é que terminas, aquile que tu fazeres tá bem feite!

domingo, 3 de agosto de 2008

À sombra do Promontório (II)




-Eu quere saber aqui, seus desgraçádes, quem é que me rombou os óves, queu já prometi à senhora! Na sai daqui ninguém vive, sus óves na aparecerem!...
Chamavam-se respectivamente: João, Zé e Tónhe.
O mais novo, o António, o tal a quem na Nazaré toda a gente chama Tóne, tentou desculpar-se e disse à mãe:
- Ah! Nha mãe; um Piquene qué dos senhorites trôce à gentes um cartuche com açúcre, e, disse ca gente tinhames óves e insinô a gentes quemèque se fazia e a gentes quemêmes todes; que foi um regale. Chamem-se gemadas! Ah! Mãe é tão bom!...
- O qué queu agora vou dezer à senhora??!! Seus desgraçádes, seus gulóses! Vocêses são a vergonha da nha cara! Agora têm que me dezer quem foi esse menine de pé calçade, que vei prá qui com indeias de gente rica, ca gentes na pode ter, nem per sonhes, nem per pinsamentes! Cante mais pa me irem ós óves!!!?
Ah! Menhés!... Olha que foi ó açúcre à mãe e, a fartura é tanta, que ninguém deu por nada! Isto é falta de indecação!...
Vocêses por hoje passem! Mas na tenhem ilesões, que se voltem a fazer seja o que for, sem minha alterização, troce-vos o pescôçe. Xprimentem!!! Ah! Menhés!!! Menines fines... Gemadas levem eles, se se meterem noutra!... Mas quem é atão o menine? Ô quere sabêre?!!!
- Ah mãe... O menine é o Zé e tem rôpa nova e anda calçade...
- O Zé dôm eu, a vocêses os três! Não há mais brincadeiras com Zés pa ninguém! A-ca-bou-se!!!
No outro dia lá foi a Joaquina a casa da senhora, mas em vez de levar quatro queijos e uma dúzia de ovos, levou seis queijos e quatro ovos.
- Não foi esta a encomenda que eu fiz, mas não faz mal - disse a senhora
- Ah minha senhora desculpe; mas ô ande maluca, cos desgraçádes dos meus três filhes, nunca me tinhem feite uma partida destas, foi p'ra lá um menine na sê de quem, levô açúcre e os meus forem ao ninhe das galinhas e forem todes fazer gemadas. Já les fiz uma guerra!!!
- Açúcar neste tempo? Mas quem é que tem açúcar em tempo de racionamento?
- Ah nha rica senhora... Eles na ma sabem xplicar quem é o menine, mas eles na são mentiroses, queu ameace-os que les corte a língua se me mentem: Dizem que o menine é o Zé e anda calçade.
- Espere só um inatantinho por favor!...
A senhora foi à dispensa e deu imediatamente pela falta do pacote de açúcar que era de meio quilo e, em tempo de racionamento, ela estava a guardá-lo para o fim-de-semana. Chegou-se ao pé da Joaquina e disse-lhe:
- Olhe: já sei quem foi ajudar os seus piquenos a comer as gemadas. Deixe-o vir da escola, que terá de me explicar onde meteu o açúcar. E, você desculpe. Eu já lhe dou os três mil reis da dúzia dos o vos, mas ele vai ter que pagá-los e mais o açúcar, do mealheiro dele, que é para aprender que essas coisas não se fazem!...
Diga-me então, quanto custam os seis queijos e os quatro ovos
- Olhe, ah nha rica senhora os quêjos são seis mêrréis e os óves ópois eu trague mais dois e paga a meia dúzia queu na sê fazer essas contas.
Mas à rica amiguinha, olhe queu na sabia quéra o sê menine. Pa alminha de quem lá tem, na bata ó menine!...
- Não!... eu não lhe bato! Mas juro que ele nunca mais se vai esquecer disto.
- Atão?!!! A senhora é que sabe. Indecação é munte bonite. Eu já fiz a nha guerra ós meus! De certeza tamãe na se esquecerão tão depressa. Munte obrigadinha por tude e mais uma vez desculpe.
Já se afastando ia falando sozinha:
- Oha o queu fui armar ca criatura! Mas olha; já tá já tá! O piquenezinhe tamãe tem c'aprender, que certas coisas na se fazem.
(continua)
Francelina

sábado, 2 de agosto de 2008

À sombra do Promontório (I)

























Quando a Nazaré ainda era toda branquinha com casinhas de rés-do-chão e sótão e o edifício maior que havia, era a Colónia Balnear; e, daí para cima, não existia nada mais que cabanas de madeira, que albergavam famílias inteiras; não deixando de nos lembrar das galinhas, porcos, coelhos e cabras que também coabitavam com eles, nuns palheiros encostados às respectivas cabanas habitacionais e que eram cercadas por um quintalzinho onde a criação andava à solta durante o dia. Tinham também uma zona envolvente onde cultivavam batatas, ervilhas, favas, couves, milho e feijão, que lhes ajudavam a sobreviver, pois quando a costa estava negada; por vezes, Invernos inteiros, sem ninguém ir ao mar, era do que viviam, juntamente com uns queijitos, que a matriarca da família, mulher séria e muito asseada, ia vender àquelas freguesas, que já tinha certas; cobertos com um paninho mais branco que a neve; lá ia a Joaquina bater à porta, de quem ela sabia, que tinha dinheiro para lhos pagar logo; sim! Que o dinheiro era preciso para o pãozinho! Se a Senhora quisesse, também tinha ovos fresquinhos, que amanhã lhos traria, no caso de os querer, e são a quinze tostões a meia dúzia...
- Olhe! Traga-me então amanhã: quatro queijos e uma dúzia de ovos.
- Sim, senhora. Pode ficar descansadinha, que eu trague a maior fresquidão do munde!
Quando chegou à cabana foi ao linheiro, que era o nome que se dava ao ninho onde as galinhas punham os ovos, e, não estava lá anda...
(continua)
Francelina Vieira