domingo, 12 de setembro de 2010

O CHÁ, e um "Cinza Escuro"


Uma fotografia de uma imagem do "antigamente" na colheita do chá

A plantação do chá, ladeada por hortências

A colheita do chá em tinas para posterior escolha passando por telas, já na fábrica, e seguida secagem

Separado e seco pronto para a etapa seguinte, o empacotamento

Na sala de empacotamento, já escolhido e separado, pronto a ser consumido

E os velhos bules e chaleiras...
Agora está pronto! é só preparar, um bom bule e com água fervente sobre a quantidade de folhas desejada e consoante o gosto de cada um. Para mim, é forte e pingado de leite... um vício saboroso!
Um chá que ficou por beber na companhia de um amigo micaelense, o Armando Moreira, escritor, poeta, artista plástico, encenador, cenógrafo, dramaturgo, que, com a esposa, partilhamos uma boa sopa de peixe, uns petiscos e um gelado de canela... Deixo-vos este texto de sua autoria, lido entre a dita sopa e o gelado...
É o nosso "Profeta"!

CINZA ESCURO

Perdura na alma dos que sentam junto à raiz da árvore morta. Ai, ai a minha vida. Nasci com tanto azar, sou... ai, ai. Não era nada disto que eu queria escrever, estava a pensar no escuro, no, cinza escuro, que também é cor e está em tudo, quase tudo, nas palavras, atitudes, acções, mas espera aí! Também não era nada disto que eu queria falar.
No interior da igreja, a sombra de uma mulher confunde-se com a projecção de outras que o bruxulear das velas projecta adiante, como se os espíritos dos santinhos tivessem descido dos altares e dançassem ao compasso da brisa que circula no interior do templo. Oitenta anos no corpo definhado e gasto, outrora cheio de vida, curvilíneo e com avantajadas mamas, era assim que os homens gostavam. "Fui grandessíssima Puta!", que Deus me perdoe, não casei. Também ninguém me queria para casar, era só para usar, alguns houve e gostei, outros tive nojo, umas vezes magoavam-me, outras poucas, era bom. Emprenhei, todos os anos, fiz desmanchos, só não deu para fazer, quando faltou o dinheiro, nem a maldita bruxa me valeu. Nasceram três, morreram já todos, fiquei eu, visto de preto, às vezes, tal como a minha alma, de "cinza escuro"...

12 comentários:

Anônimo disse...

Gostei das imagens! Gostei do texto.
A triste realidade de mts vidas.
Beijo.
isa.

rendadebilros disse...

Interessante lição com texto e imagens...beijos.

LOURO disse...

Olá São,
linda lição fotográfica sobre o chá,e um texto triste mas muito real...

beijinhos de carinho e amizade,
Lourenço

gaivota disse...

isa
sim, interessante, e bem dito!
beijinhos

gaivota disse...

rendadebilros
e num chá, diz-se uma história...
beijinhos

gaivota disse...

louro
em s. miguel, ilha maravilhosa e com gente linda!
beijinhos

Luna disse...

Como tu o dizes muito aprendeste nestas férias
Bj

AFRICA EM POESIA disse...

M BEIJO
Gosteide ver a evolução do cha


Com alguns problemas para resolver só hoje encontrei tempo para parar..

Ser criança é saber brincar e sonhar...

Deixo em apontamento o lançamento para Outubro do meu novo livro de POESIA-- Caminhar Caminhando...

vou precisar de saber se quer algum para eu poder guardar
um beijo

Lilá(s) disse...

Já vai para muitos anos que visitei a fábrica de chá em S. Miguel, gostei de recordar, acho que até lhe senti o aroma!
Bjs

gaivota disse...

multiolhares
o que eu aprendi!
conheci e vi!
e quem conheci!
cada vez gosto mais daquelas ilhas...
beijinhos

gaivota disse...

africa em poesia
parabéns por mais um livro!
contactarei por e-mail
beijinhos

gaivota disse...

lilá(s)
acho que só falta mesmo o cheirinho...
beijinhos