
Uma fotografia de uma imagem do "antigamente" na colheita do chá

A plantação do chá, ladeada por hortências

A colheita do chá em tinas para posterior escolha passando por telas, já na fábrica, e seguida secagem

Separado e seco pronto para a etapa seguinte, o empacotamento

Na sala de empacotamento, já escolhido e separado, pronto a ser consumido

E os velhos bules e chaleiras...
Agora está pronto! é só preparar, um bom bule e com água fervente sobre a quantidade de folhas desejada e consoante o gosto de cada um. Para mim, é forte e pingado de leite... um vício saboroso!
Um chá que ficou por beber na companhia de um amigo micaelense, o Armando Moreira, escritor, poeta, artista plástico, encenador, cenógrafo, dramaturgo, que, com a esposa, partilhamos uma boa sopa de peixe, uns petiscos e um gelado de canela... Deixo-vos este texto de sua autoria, lido entre a dita sopa e o gelado...
É o nosso "Profeta"!
CINZA ESCURO
Perdura na alma dos que sentam junto à raiz da árvore morta. Ai, ai a minha vida. Nasci com tanto azar, sou... ai, ai. Não era nada disto que eu queria escrever, estava a pensar no escuro, no, cinza escuro, que também é cor e está em tudo, quase tudo, nas palavras, atitudes, acções, mas espera aí! Também não era nada disto que eu queria falar.
No interior da igreja, a sombra de uma mulher confunde-se com a projecção de outras que o bruxulear das velas projecta adiante, como se os espíritos dos santinhos tivessem descido dos altares e dançassem ao compasso da brisa que circula no interior do templo. Oitenta anos no corpo definhado e gasto, outrora cheio de vida, curvilíneo e com avantajadas mamas, era assim que os homens gostavam. "Fui grandessíssima Puta!", que Deus me perdoe, não casei. Também ninguém me queria para casar, era só para usar, alguns houve e gostei, outros tive nojo, umas vezes magoavam-me, outras poucas, era bom. Emprenhei, todos os anos, fiz desmanchos, só não deu para fazer, quando faltou o dinheiro, nem a maldita bruxa me valeu. Nasceram três, morreram já todos, fiquei eu, visto de preto, às vezes, tal como a minha alma, de "cinza escuro"...